Evento reuniu comunidade universitária e apresentou cinco eixos de ação estratégica para enfrentar a evasão nos cursos de graduação
Na última segunda-feira (9), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) promoveu o II Seminário de Combate à Evasão, como parte das ações da Comissão de Combate à Evasão e Baixa Procura, criada em março de 2025. O encontro remoto teve como objetivo apresentar à comunidade acadêmica os resultados das escutas realizadas com docentes, técnicos e estudantes, além de propor ações estratégicas organizadas em cinco eixos para enfrentar o problema da evasão nos cursos de graduação.
O evento foi aberto pela Pró-reitora de Graduação e Educação Profissional, professora Andrea do Rocio Caldas, que destacou o caráter participativo da comissão: “Nosso princípio é o combate à evasão com base em evidências, mas sem desconsiderar as ações históricas da UFPR. Queremos aprimorar e coordenar as iniciativas existentes, além de propor novas ações.”
Diagnóstico preocupante
Na sequência, o estatístico Lineu Alberto Cavazani de Freitas, da Pró-Reitoria de Planejamento e Dados (Proplad), apresentou o diagnóstico elaborado a partir de dados e escutas com a comunidade. Segundo ele, a UFPR enfrenta um cenário em que há mais evasão do que conclusão de cursos, com estudantes saindo por múltiplas razões — dificuldades financeiras, saúde mental, carga horária excessiva, falta de pertencimento, entre outras.
A escuta da comunidade gerou 152 respostas a formulários abertos, analisadas com o apoio de inteligência artificial para identificação de tópicos recorrentes. De acordo com Lineu, “as causas da evasão que ouvimos da comunidade reafirmam o que já é conhecido na literatura, o que mostra que o problema está bem diagnosticado — falta agora implementar ações eficazes”.
Cinco eixos de ação
A comissão organizou suas propostas em cinco eixos estratégicos, cada um com ações coordenadas por diferentes integrantes da equipe:
1. Observatório de Dados sobre Evasão
Apresentado por Lineu Alberto Cavazani de Freitas, o eixo propõe a criação de painéis (dashboards) com indicadores por curso e setor, análise do perfil dos estudantes evadidos, desenvolvimento de modelos preditivos e sistematização da produção acadêmica sobre o tema.
2. Acompanhamento da Trajetória Acadêmica
Apresentado pelo psicólogo Jardel Pelissari Machado, da Coordenadoria de Permanência Estudantil (P4E), o eixo propõe ações de acompanhamento do rendimento e da frequência dos estudantes, programas de acolhimento psicopedagógico, tutoria por pares e fortalecimento das Comissões de Orientação Acadêmica (COAEs).
3. Flexibilização Curricular
Com coordenação da professora Andrea do Rocio Caldas, este eixo propõe a criação de modelos curriculares com certificações parciais, revisão de normativas acadêmicas, oferta de disciplinas transversais para áreas com alta retenção e formação didático-pedagógica para docentes.
4. Aprimoramento dos Programas de Bolsas e Auxílios
Apresentado pelo professor Sérgio D. Almeida Sanches, da P4E, este eixo prevê a revisão do Programa ProBEM com base em dados de desempenho, evasão e tempo de formação, além da reformulação do auxílio creche para um novo auxílio parentalidade, ações de apoio a estudantes puérperas e ampliação de bolsas estratégicas como PIBIS, PIBEX, PIBIC e Bolsa Incluir.
5. Fortalecimento da Permanência
Também apresentado por Sérgio Sanches, esse eixo articula políticas de acolhimento psicossocial, apoio a mães e pais estudantes, combate ao assédio e à violência, revisão da avaliação docente pelos discentes, fortalecimento da política de acessibilidade e atenção integral à saúde, esporte e lazer.
Participação ativa e próximos passos
Na parte final do evento, a professora Carla Cândida Rizzotto, coordenadora de Projetos Estratégicos da Vice-Reitoria, destacou a importância da articulação entre as diferentes pró-reitorias e setores da universidade: “Muitas ações de combate à evasão já existem, mas estavam dispersas. Nosso papel é coordená-las e dar visibilidade, inclusive às pesquisas acadêmicas sobre o tema”.
Durante o seminário, diversos participantes — como a coordenadora Tirzhá Dantas, do curso de Engenharia Química, e a bibliotecária Cristiane Sinimbu Sanchez — reforçaram a importância da formação pedagógica contínua dos docentes, da ampliação da acessibilidade e da valorização de espaços como as bibliotecas para o pertencimento estudantil.
A comissão anunciou que a próxima etapa será a realização de visitas aos setores e cursos da UFPR, para aprofundar o diálogo e ajustar a implementação das ações conforme as especificidades locais. Além disso, a comissão também passará a analisar o problema da baixa procura nos vestibulares, que impacta diretamente o cenário de evasão.
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