Os estudantes de graduação já podem responder a quinta edição da Pesquisa do Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais. Realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (Fonaprace), com apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), o questionário busca traçar um diagnóstico de como está constituído o corpo discente das universidades públicas federais, gerar subsídios para políticas públicas e auxiliar nas demandas de assistência estudantil.
Os graduandos são convidados a participar da pesquisa ao acessarem as áreas reservadas à realização do registro pessoal, no portal do aluno. Lá encontrarão o link de acesso ao questionário. Estudantes de qualquer ano podem responder à pesquisa e a participação é voluntária, porém essencial para traçar o perfil da comunidade discente.
Os dados já coletados pela pesquisa, que está em sua quinta edição, revelam 20 anos de evolução da participação acadêmica e da história que deu origem a políticas públicas que, atualmente, fazem a diferença nas universidades. De acordo com o último relatório, as estatísticas apontam questões como a maior participação do sexo feminino na composição dos estudantes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES); o aumento na idade média dos graduandos ao longo dos anos; mudanças significativas no perfil de alunos em termos de cor ou raça, já que houve redução da participação da população branca e crescimento considerável da população preta e parda; e expressiva evolução da proporção dos estudantes sem renda familiar ou com renda de até três salários mínimos.
Segundo Leonardo Barbosa Silva, vice-coordenador da Pesquisa e professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, o principal objetivo do levantamento é instrumentalizar as universidades com dados e informações necessárias para produzir políticas de assistência estudantil e de permanência. “As universidades públicas federais, como o resto da sociedade, são marcadas por desigualdades. Seus serviços e atividades normalmente são seletivamente aproveitados. Estudantes que têm nível de renda mais baixo, que são autodeclarados pretos e pardos, que têm orientações sexuais diferentes da heteronormatividade, que são do sexo feminino, normalmente são privados de um conjunto de oportunidades acadêmicas e têm uma formação com menos qualidade. O papel da pesquisa é dar às universidades informações necessárias para que a equidade no acesso seja garantida”.
A pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPR, Maria Rita de Assis César, salienta que essa é uma pesquisa para entender quem são os alunos da instituição. “É importante conhecer o perfil dos alunos para que a universidade esteja cada vez mais próxima de seus estudantes reais, para saber quem é seu público. Até pouco tempo atrás, havia o estereótipo de que a universidade pública era composta por estudantes oriundos de escola particular e classe média ou média alta. Ao analisarmos essa pesquisa, percebemos que são mitos”.
Silva revela que o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) já teve seu impacto confirmado em pesquisas anteriores e que, para 2018, os retratos étnico-racial e de renda das universidades públicas federais ficarão ainda mais consolidados. “Também deve haver impacto dada a implementação das cotas para estudantes com deficiência. A consequência negativa deve ser vista nas questões referentes à redução de recursos para essas instituições. O resultado desse corte é a menor cobertura de políticas de acesso estudantil”.
A intenção é realizar a pesquisa em intervalos de quatro em quatro anos, período que corresponde ao ciclo médio de vida acadêmica dos estudantes. O vice-coordenador do levantamento diz que a previsão é aplicar o questionário no primeiro semestre de 2018, para que a análise dos dados coletados seja feita no segundo semestre e o relatório final, entregue no início de 2019.
Participar é importante
O questionário tem cerca de 80 questões relacionadas a informações de cor, sexo, orientação sexual, família e renda. Aborda, ainda, dados acerca da vida acadêmica, por exemplo, se houve trancamento de disciplinas, se o aluno frequenta a biblioteca, acesso aos restaurantes universitários, moradia estudantil, participação em projetos de pesquisa e de iniciação científica e dados sobre a saúde do estudante.
“Qualquer órgão público só pode fazer políticas públicas se tiver um diagnóstico de realidade. Não é possível realizar assistência estudantil se a universidade não conhece o perfil dos estudantes”, informa Silva.
Maria Rita reforça que é importante que os alunos respondam ao questionário para que a universidade tenha cada vez mais a “cara deles”. “Precisamos conhecer o aluno para que o sistema público de ensino possa desenhar políticas que sejam para o interesse desta população e suprindo estas necessidades. Certamente vai aparecer uma demanda maior por assistência estudantil, porque temos uma universidade ficando cada vez mais empobrecida, com estudantes de outras classes sociais. Se o perfil do estudante muda, o perfil dos professores também muda”, diz a pró-reitora que lembra que a instituição também passa a receber mais professores vindos de grupos sociais subalternizados.
Acesse o relatório da última edição da pesquisa, divulgado em 2016: IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras.
Via Sucom – Por Jéssica Tokarski
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